quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dois mil e dez com alegria



Lá vêm elas novamente
Palavras insolentes
Brincando em roda inocente
No horizonte tal e qual um sol nascente.

Chega tudo ao mesmo tempo
Vem o sol, vai o lamento
A luz afasta o firmamento
E do céu a estrela cai no pensamento.

Vamos recomeçar...

No compasso do meu coração eu quero meus pés levar
Nas ondas do mar meus ouvidos repousar
Sobre a areia minha alma deitar
Para a pele o sol acarinhar.

Do trabalho quero a essência da emoção
Do amor a mais doce tentação
Aos amigos minha eterna gratidão
Pro ano novo alegria sem razão!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Para o Tizão


Inúmeras vezes, enquanto ando pelas ruas, as palavras brincam dentro de mim sem censura alguma.
Elas dançam. Pulam de um lado a outro. Chegam juntas, umas das outras, em pequenas frases.
E basta apenas o instante seguinte para que se reorganizem de forma jamais vista.
Dai-me as palavras!
É assim que elas inventam nomes novos para sentimentos velhos.
Tão antigos quanto eu e você...
O que seria de nós, meu amigo, sem as nossas palavras? Que meio encontraríamos nós, para levar à comunhão as nossas almas?
Tudo bem que não troquemos palavras sobre o que de fato gostaríamos de falar. Isto pouco nos faz falta, porque na verdade o que mais nos diz respeito é justamente o intervalo que há entre elas.
Você ouviu o que eu não disse?
Não há equilíbrio para certas pessoas... Somente a tensão do desequilíbrio as fazem vivas.
Há no caminho do meio algo insosso. Falta justamente o sal que abre o sabor, o azedo que faz explodir a saliva escondida na boca...
Só serve para o caminho do meio aquele que não sabe o mal que guarda em si enquanto escolhe praticar o bem.
Há, no caminho dos desequilibrados, apenas a possibilidade do bom posicionamento.
Simples: raízes na terra e copa aos céus.
As flores?
Deixe-as ao vento...

domingo, 19 de julho de 2009

A dor

Não que eu a quisesse por perto.
Levantei as espadas e engrossei as ondas.
Na terra molhada, aquela mesma de onde toda a vida brota,
tentei enterrá-la.
Mera tentativa de esconder de mim mesma a dor que ardia no peito.


Desalento


Tentei abraçá-la calmamente, na tentativa de então acolhê-la em mim.
Talvez acolhida ela doesse menos.


Desamparo


Ela veio calma, precisa. Logo após o término da tempestade.
E assim, despretenciosamente, misturada à delicadeza de um sorriso e a leveza de uma lágrima, explodiu!


Desespero


Eu chorei. Desta vez sem rir.
Agonizei sem o meu próprio grito ouvir.
Desejei com as mãos a dor do peito extinguir.


Rezei


E nem todas as rezas me deixaram o sono dormir.
Foi só assim que me dei conta de que em algum lugar eu morri.

sábado, 16 de maio de 2009

Deveria existir uma palavra entre o bem e o mal. Final

Mas o que tudo isso tem a ver com bem e mal?
Eu não sei por que fazemos assim. Não sei o que nos impede de contemplar um caminho do meio.
Da mesma maneira como fomos rachando ao meio os valores da nossa cultura, parecemos ter deixado rachar também nosso olhar e nossas experiências. Não dá mais!
É preciso, em meio ao turbilhão um instante de recolhimento. É preciso recobrar a coexistência de nós em nós mesmos e seguir adiante.
Há, entre o bem e o mal um caminho inteiro a ser descoberto...

sábado, 9 de maio de 2009

Deveria existir uma só palavra entre o bem e o mal. Parte II


Enquanto eu lia o texto passei também a considerar a profissão da escrita.
Como todas as outras, impossível de se realizar em si mesma. Não há escritor se não houver quem o leia, assim como não há professor se não houver alunos que dele precisem.
Desde os primórdios da nossa história as profissões foram ocupando degraus em uma espécie de podium. Não de colocações propriamente ditas, como acontece nas competições, mas de status. A falta de aprofundamento dos capítulos anteriores da história não me permite apontar os critérios adotados na época, ainda assim, pelo pouco que me aproximei pude constatar que pouco mudou.
Aos artistas, no entanto, sempre coube um lugar peculiar. Embora os artistas vivam de seu trabalho, a arte propriamente dita parece estar em um lugar para o qual não há uma designação tão clara. Considerá-la como profissão tiraria seu encanto? Quem encantou a arte? Quem a fez ou quem a contemplou? Seria o encantamento fruto de um encontro de ambas as partes?
O fato é que não só a arte, mas principalmente os artistas também foram escritos artisticamente. Enquanto escrevo essa pequena reflexão novas imagens vão se aproximando, mas desta vez são imagens vistas em uma aula de história da arte.
O professor nos contava a história de Van Gogh enquanto víamos alguns de seus trabalhos. Havia ali uma nuvem misteriosa que sem palavras parecia contar o quanto era preciso ser louco para pintar o que ele pintou.
Não me parece recente a ideia de que os artistas pouco atendem à sua razão, e que se o fizessem perderiam todo o encanto, ou o poder de encantar. Aqui me sobra uma importante questão: onde foi que entendemos que a razão não faz bem ao coração? Por que a desconsideramos do campo das emoções?
Parece-me haver aqui um equívoco, uma mistura de razão com desumanização, algo que neste momento me deixa discretamente perplexa tendo em vista ser esta uma das características fundantes do homem. Sem a razão, sem o pensamento lógico, a organização mental, o que seria de nós? Conseguiríamos, ainda assim, produzir algo tocante ou deixar que algo nos tocasse?
Acho que há uma urgente necessidade de limparmos nossas idéias. É preciso rever nossas construções, desconstruir pré-conceitos equivocados e reconstruir nossos conceitos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Deveria existir uma só palavra entre o bem e o mal

Era fim de tarde e me sentei para ler. Peguei o texto e uma caneta, pois segurá-la parece ser a maneira mais rápida e eficiente de manter também o meu corpo, além das minhas ideias, envolvido com o afazer. Lá fui eu e enquanto lia as palavras de Edgar Allan Poe sobre a composição de seu poema O Corvo outras idéias também iam me invadindo a mente. Imagens das nossas aulas foram se apropriando de mim enquanto eu tentava me apropriar do texto. Inspiração, dom, arte, escrita e assim por diante. De repente me vi perguntando: Por que seria a beleza de um poema menos bela ao saber-lhe uma equação matemática? Não tem a matemática também sua beleza?E foi assim que mais uma ideia, não muito clara, começou a brotar. Há algo na nossa cultura que alimenta constantemente uma cisão entre o bem e o mal, o certo e o errado. Há algo que não posso nomear ainda, mas que me faz ver que somos muito mais frutos desta cultura do que imaginamos. Nós somos a nossa cultura, somos mais um capítulo de uma história que continua. Parece-me que dentro do nosso inesgotável universo humano algumas coisas se instauraram e perpetuam com tanta delicadeza que quase não podemos percebê-las. Assim como criamos nossos mitos, criamos e sustentamos também determinadas criações como se fosse algo além da nossa capacidade. Há uma evidente necessidade de que algo maior se coloque adiante e assim nós, juntamente com os escritores mais “vaidosos” ficamos discretamente estancados em papéis imóveis, embalados em uma película de coexistência.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu não tinha pensado nisso

Agora queria saber se, ao escrever, as escolhas que faz do "como dizer" traduzem o que você observou. Ou seja, as escolhas ocorrem em função da beleza ou da precisão? Como você negocia isso? Entende o que digo?
Márcia Fortunato


Sabe Márcia, eu ainda não tinha pensado neste assunto com tanta clareza quanto a que você fez a pergunta.
Quando comecei a escrever eu tinha apenas ideia de onde queria chegar, mas agora, trocando em miúdos, não me resta dúvida de que estava atrás da precisão.
De nada me seria útil a minha escrita fosse ela frouxa, com intermináveis variantes. Pouco ela me esclareceria se não trouxesse consigo combinações de palavras cuidadosamente planejadas.
Eu não escrevo sempre do mesmo jeito até porque eu não escrevo sempre sobre o mesmo assunto, mas em todos os casos a precisão me parece imprescindível.
Tenho um apreço particular por ela. Não pelo seu caráter urgente, de precisar tanto que se torna um precisar grande: precisão.
Eu gosto da fina justeza que ela guarda em si, nem mais nem menos. Seria então exatidão? Quem sabe...
Sobre a beleza? Bom seria se pudesse sempre incluí-la, mas algumas vezes escrevo também sobre assuntos ou situações onde ela não cabe. Pelo menos em um primeiro momento. Quem sabe uma busca minuciosamente precisa faça-a brotar por fim?
Thais Abrahão

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Encontro

Conforme escrevo, vejo assim aparecer diante de mim a mais pura forma humana. A escrita é do homem e somente para ele. Qualquer que seja seu caminho só há uma maneira de alcançá-la: ser humano.
Sim, há diferença nos caminhos. Mais que isso, há também no homem a profunda necessidade de nomear. Afinal de contas, sobre o que escreveria não fosse sobre suas brilhantes criações? E como dela falariam não fossem seus singulares nomes?
A escrita é por si só a mais profunda criação humana, ou seja, a construção da escrita só é viável a partir da mão de um homem e, a meu ver não há homem que não seja um misto de duas poções que se arranjam em equilíbrio peculiar para cada um.
Não há um único tecido que se faça de apenas um fio. Para haver um tecido é necessária uma trama de muitos fios, assim como para haver um texto é necessária uma costura da razão com emoção.

O homem é o tecido que se forma desta trama costurada cuidadosamente e assim como há uma imensa variedade de tecidos, há também a enorme variação de estilos.
Acredito que hajam aqueles que lêem racionalmente. Para estes determinados textos.
Outros escrevem emocionalmente e assim criam textos nunca dantes lidos.
É preciso, sem nenhuma dúvida, saber-se homem para escrever. É necessário aproximar-se de si mesmo. Os escritores são feitos de leitores e vice-versa. Para saber o que escrever é preciso saber do outro e só se pode saber do outro quando se sabe de si.
Sim, os caminhos que compõem o processo de criação podem ser inúmeros. Nem mesmo entre os que escrevem de maneira semelhante há um consenso.

Cada um à sua maneira e sempre no um há de se encontrarem todos.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Te digo o que escrevo e me dizes quem sou? Te digo o que leio e me dizes quem és?

Eu já compreendi a minha vida, e em última instância a mim mesma, de várias maneiras e sob diversos aspectos. Já me busquei na história, me procurei na condição de ser humana e me desintegrei para compor um som qualquer com o corpo.
Hoje, exatamente hoje, me achei de um jeito que nunca havia encontrado. Cuidadosamente tecida entre tantas palavras, minhas ou emprestadas, escritas ou faladas, vou me escrevendo de maneira nunca antes experimentada.
Já não posso mais me saber sem escrever. Nem sem ler.
Eu leio muito e de diversas maneiras. Leio o que é comum, mas que ao se mostrar aos meus olhos passa a ser somente meu. Eu leio escritos e implícitos. Palavras e imagens. Expressões e interações. Junções harmoniosas de letras que sozinhas não me permitiriam ler e reler os caminhos, os universos e até mesmo as meras informações. Embora eu não leia nas linhas das mãos toda a vida que ainda está por vir eu também já li com elas.
É na escrita que eu me escapo.
No manejo das palavras nem sempre encontro a precisão delicada que procuro, nas atitudes escrevo com marcas uma Thais completamente vulnerável à leitura alheia. Há um outro, muitos outros... Assim como não há leitura sem escrita eu também não me pareço inteira sem alguém.
Daí eu escrevo e em uma espécie de amarração de fios, de letras, vejo nascer vagarosamente, deitada sobre a folha do papel uma outra que eu desconhecia e diante dela me ponho a ler novamente.
E no recomeço sem fim há uma espécie de “acontescência” de mim. Um encontro indizível e inevitável que se dá no tempo da espera que repousa lenta e devagar. Ou seria a divagar?
"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertar-mos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo".
PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. São Paulo: Companhia das letras, 1999.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Inspiração? Quem sabe...

Estava eu visitando o blog da Carol (sem ciúmes pessoa...) quando de repente me senti invadida por tal provocação... Ou seria inspiração?
Lindo poema de Drummond, inesquecível frase de Manuel de Barros e curioso depoimento sobre Jorge Amado.
O fato é que na escrita da Carol li pedaços da minha própria história.
Eu também morei em Londres. Passei um ano da minha vida sob o céu cinza daquela intrigante cidade.
Não levei livros. Comprei alguns que eram escritos na língua local, que por sinal eu tentava aprender com a mesma persistência necessária para quem aprende a falar pela primeira vez.
Meu repertório, apesar de restrito, foi suficiente para estabelecer como critério irrevogável os temas que me interessavam. “Gostar do assunto e entender um pouco dele já vai dar uma ajuda”, pensei ainda em português.
Levei-os para casa. Não que me aquecessem, mas me ajudavam aplacar um pouco a solidão.
Para me aquecer eu pedia, sempre com urgente necessidade, que minha mãe mandasse pacotes de feijão. O bom e verdadeiro feijão brasileiro que eu cozinhava com o mesmo prazer que me invade quando “como” um bom livro com os olhos.
A solidão não era pouca e daqueles que comprei li todos. Hoje escrevo e leio inglês muito melhor do que falo.
Seria assim a inspiração? Uma espécie de encontro da provocação com a identificação? Algo de fora que encontra uma acomodação justa com algo de dentro?
Quem sabe...

domingo, 15 de março de 2009

"No peito dos sem peito uma seta e a cigana analfabeta lendo a mão de Paulo Freire".
(Chico César)

eu leio assim

CATAR FEIJÃO
João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo
obstrui a leitura flutuante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Proposta: Como você lê?


Ao receber a folha nas mãos rapidamente passei-lhe os olhos. A descida foi em branco, mas na volta fui fisgada pelo nome de João Cabral de Melo Neto.
“Hum, o texto deve ser bom” eu pensei ainda sem ter me dado conta de que mobilizar meus conhecimentos prévios ou até mesmo os pré conceitos sobre o assunto em questão talvez seja um dos primeiros passos de minha leitura.
Prossegui. Mas não em frente. Fiz uma espécie de resgate ao retornar ao título. Embora respeite a ordem natural de um texto quando o leio, muitas vezes eu também passeio por ele. É uma espécie de sobrevôo. O todo e as partes ao mesmo tempo.
Retomei a concentração e me pus a obedecer a tal ordem natural: de cima para baixo, da esquerda para a direita.
Não me preocupei com o entendimento. Aliás, não costumo me ocupar de entender totalmente o que leio em uma primeira leitura. Eu deixo o texto passear em mim. Todos entram pelos olhos, poucos chegam ao coração. Alguns param no estômago e outros se finalizam na razão.
Não sei o que é alguidar eu pensei em algum momento com a esperança de que mais adiante o todo explicasse as partes.
Ao me deparar com o ponto final que encerrava ali as palavras do autor me pus a ler novamente, mas desta vez algo novo brotava em mim.
As imagens foram ganhando contornos mais precisos. Eu continuava sem saber o que alguidar significava, mas já podia compreender seu sentido. Li o texto e me vi secretamente com os feijões nas mãos, da mesma maneira que agora tentava segurar as palavras nas ideias.
Imaginei. E pensando na imaginação entendi a leitura como ação, como algo ativo e vivo. O texto ganhou enfim a merecida vida que lhe cabia.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Escrevendo...


Eu tenho muitos livros...
Neles estão marcadas pra sempre, ou pelo menos até que o papel onde elas se deitam se decomponha, datas importantes como os meus primeiros passos e as minhas preferências por dançar e comer requeijão. Constam neles minhas primeiras palavras faladas, mas não as primeiras palavras que por mim foram escritas.
O acontecimento escapou dos registros escritos que, pelas delicadas mãos de minha mãe e pelo atencioso olhar do meu pai contaram os primeiros capítulos da minha história.
E eu sequer consigo recordar-me aproximadamente quando foi que os li pela primeira vez...
O fato é que os li e prossigo agora escrevendo de próprio punho os capítulos seguintes.
Eu sempre escrevi muito e por diversos motivos. Aprecio o movimento das mãos ao desenhar as letras, mas também esqueço tal capricho quando o que é escrito se joga sobre o papel quase sem a minha permissão. Escrevo para guardar e para compartilhar; para comunicar ou compreender; para refletir e em uma espécie de espelho de papel o meu próprio reflexo enxergar.
A imagem é diferente. Não vem composta de formas bem definidas, mas é humanamente decifrável tal e qual seria um rosto qualquer. Eu me encontro na minha escrita e é através dela que também me desconstruo pra me transformar. Há um movimento constante, algo vivo que faz as letras deixarem de ser apenas letras e serem as minhas letras. Palavras que de tão comuns às vezes se perdem. Já perdi as palavras muitas vezes. Em outros momentos as reencontrei como se nunca as tivesse visto. Algumas eu procuro até hoje e em momentos raros chego a pensar que não existem.
Eu já escrevi sonhos porque os queria mais reais e já escrevi realidades que quando relidas não passavam de sonhos.
Chorei e ri em cima de uma folha de papel. Eu amei e briguei. Lembrei de algo que poderia ter sido esquecido não fosse o fato de estar escrito. Já me emocionei e pulei ao ler palavras que me fizeram bater mais forte o coração.
É assim que eu escrevo. Do mesmo jeito que danço ou como requeijão. Com o corpo inteiro.