segunda-feira, 9 de março de 2009

Escrevendo...


Eu tenho muitos livros...
Neles estão marcadas pra sempre, ou pelo menos até que o papel onde elas se deitam se decomponha, datas importantes como os meus primeiros passos e as minhas preferências por dançar e comer requeijão. Constam neles minhas primeiras palavras faladas, mas não as primeiras palavras que por mim foram escritas.
O acontecimento escapou dos registros escritos que, pelas delicadas mãos de minha mãe e pelo atencioso olhar do meu pai contaram os primeiros capítulos da minha história.
E eu sequer consigo recordar-me aproximadamente quando foi que os li pela primeira vez...
O fato é que os li e prossigo agora escrevendo de próprio punho os capítulos seguintes.
Eu sempre escrevi muito e por diversos motivos. Aprecio o movimento das mãos ao desenhar as letras, mas também esqueço tal capricho quando o que é escrito se joga sobre o papel quase sem a minha permissão. Escrevo para guardar e para compartilhar; para comunicar ou compreender; para refletir e em uma espécie de espelho de papel o meu próprio reflexo enxergar.
A imagem é diferente. Não vem composta de formas bem definidas, mas é humanamente decifrável tal e qual seria um rosto qualquer. Eu me encontro na minha escrita e é através dela que também me desconstruo pra me transformar. Há um movimento constante, algo vivo que faz as letras deixarem de ser apenas letras e serem as minhas letras. Palavras que de tão comuns às vezes se perdem. Já perdi as palavras muitas vezes. Em outros momentos as reencontrei como se nunca as tivesse visto. Algumas eu procuro até hoje e em momentos raros chego a pensar que não existem.
Eu já escrevi sonhos porque os queria mais reais e já escrevi realidades que quando relidas não passavam de sonhos.
Chorei e ri em cima de uma folha de papel. Eu amei e briguei. Lembrei de algo que poderia ter sido esquecido não fosse o fato de estar escrito. Já me emocionei e pulei ao ler palavras que me fizeram bater mais forte o coração.
É assim que eu escrevo. Do mesmo jeito que danço ou como requeijão. Com o corpo inteiro.

3 comentários:

Márcia Fortunato disse...

Lindo, Thais! Poeticamente lindo! Adorei!!!!
Os dois ou três primeiros parágrafos estão pouco claros. Tive que retornar na leitura e ainda não os compreendi bem. Releia você e observe se é o caso de ajeitar alguma coisa...
Beijinho, Márcia.

juliana maria disse...

Achei maravilhoso o que vc escreveu, me identifiquei em alguns pedaços (pois quando pequena fazia diário) e em outros te invejei, uma inveja boa de ver que vc teve e tem um bom contato com os livros e com a escrita. Muito lindo!!Beijos JU

Luanna disse...

QUE TEXTO MAIS LINDOOOOOOOOO!!! Me emocionei!!