segunda-feira, 5 de julho de 2010

Palavras



E antes mesmo que eu pudesse ouvi-las, já as escutava.
Elas foram chegando, simplesmente.
Não precisavam exatamente que eu as quisesse, bastava ser-lhes a portadora do silêncio que elas, já antes de mim, habitavam.
Uma a uma construíram-se para depois contarem-se.
Desta vez com o coração calmo e a alma tranqüila.
Sem impactos, sem furor. Nem de ódio e nem de amor.
Construíram-se em frases com a mesma precisão com que se levantam as paredes de uma casa.
Misturaram-se, com impressionável delicadeza, ao tempo da espera que lhes foi ofertado.
Encontraram-se as palavras reunidas em si mesmas e a partir delas fizeram nascer outras.
Eu, refém.
Imobilizada pelos sons mudos pronunciados sem permissão, me rendi.
Eu, rendida.
Ouvindo-lhes sobre a construção, passei eu mesma a lhes servir de morada.
Encontrei-me com palavras esquecidas.
Encostei-me com cautela naquelas que ainda não foram vividas.
E foi durante um sonho que elas se materializaram podendo ser ouvidas!
Palavras?

Um comentário:

Mari disse...

palavras para serem escritas, lidas, ditas, ouvidas. para lembrar, para esquecer.
beijos
Titia Mari