sábado, 15 de maio de 2010

Patrícia

Patrícia tinha a leveza digna dos que carregam poucos arrependimentos.

De presença despretensiosa, cheiro suave e cor natural, ela fazia marcar na areia as próprias pegadas com uma suavidade que podia soar agressiva àqueles que não tinham coragem de pisar o próprio chão.

Caminhava em frente. Sempre.

Patrícia nunca fazia o que tinha quer ser feito e pagava caro por isso: era desesperadamente alegre de tanto fazer o que queria fazer.

Era simples e bonita. Mas também era um pouco outono, um pouco primavera.

Tinha um sorriso indecente e um olhar atrevido.

Agradava-lhe, e muito, preencher o olfato de bons odores.

Tinha também verdadeira obsessão pelas cores que reluziam debaixo da luz amarelo ouro do sol. Ah, essa luz...

Patrícia ia e vinha no tempo como bem entendia.

Insubordinável, ela amava devagar e fundo por apreciar movimentos lentos e saborosos.

No corpo honesto trasbordava-lhe, discretamente, a alma transgressora.

Mais fazia do que pensava, mas por diversas vezes se pegou pensando no que fazer.

Ela era como o calor que diferencia a brisa fresca da gelada, portanto seu significado era quase imperceptível a olhos nus.

Sem nenhuma sombra de dúvida, o melhor de Patrícia era o som da risada quase pronográfica com que ria de si mesma.

Para encontrar Patrícia bastava procurá-la.


PROCURA-SE  POR PATRÍCIA!

Um comentário:

Fê Tinti disse...

Tha, querida, como você escreve bem!!!!
Cheguei mais cedo em casa da prova da Paula Stella e, não sei porque, lembrei do seu blog. Me deliciei lendo suas postagens. Amiga, acho que você deveria escrever um livro!!! De verdade! É muito gostoso ler o que você escreve... Continue investindo nisso, viu?! Adorei!
E sabe o que é mais legal? Dá para te ver nas coisas que você escreve!
bjs Fê Tinti