quinta-feira, 7 de abril de 2011








Eu sou professora.

Ontem fui a um encontro com Peter Moss, professor pesquisador da Universidade de Londres.

Antes de ontem eu não o conhecia e o que me levou ao tal encontro foi o seu tema: a Educação Infantil como Projeto Ético e Político.

Todas essas palavras são do meu mais sincero interesse.

Durante o encontro tivemos a notícia de que o projeto de piso salarial dos professores tinha sido aprovado. Causou certa emoção.

Nós, que lá estávamos, pensávamos juntos sobre a Educação das nossas crianças.

Era um inglês que nos falava e que, de alguma maneira, nos dizia que as nossas crianças também eram as crianças dele.

Compartilhamos, por algumas horas, ideias sobre como colaborar para que as minhas, as suas, ou as nossas crianças cresçam e se formem, principalmente, como bons seres humanos.

Nosso mundo está carente deles.

Falamos da escola não como espaço de reprodução da sociedade, mas como um lugar de reinvenção da democracia.

Falamos de diálogo, encontro e interdependência. Ninguém existe sozinho. Um ser humano se faz de outro, ou muitos outros, seres humanos. É só assim que perpetuaremos a espécie.

Eu escolhi ser professora interessada, de alguma maneira, no meu próprio bem estar: o de viver em um mundo mais digno.

Eu escolhi ser professora porque acho um privilégio, dentre todos os seres que compõem essa imensa natureza, ter nascido um ser humano.

Fui às crianças por que são elas quem mais sabem sobre o assunto. E para oferecer-lhes uma troca a altura, passei a esforçar-me, diariamente, para ser um adulto merecedor de conviver com crianças em sua mais tenra idade.

Ontem, de alguma maneira, eu zelei pelas crianças. Hoje, chorei por elas.

Eu ainda não tenho filhos, mas as crianças das famílias do Rio de Janeiro são também as minhas crianças. E foram brutalmente assassinadas dentro de uma escola, lugar onde eu também passo a maior parte do meu tempo e exerço meu maior entusiasmo pela vida.

Depois da notícia fui subitamente invadida por uma perplexidade muda.


































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