quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A demora que na rapidez mora

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Era uma vez, uma menina que, enquanto se fazia psicóloga, acabou por se tornar mulher.

Rápido.

Com o rosto emoldurado de largos cachos, que só lhe faziam a beleza realçar, ela cresceu rápido demais.

Demais.

De acordo com a urgência que lhe trancava o peito, mal percebeu que as linhas retas moravam dentro das formas espiraladas que trazia pendurada na cabeça. Seus cachos eram muito mais que um simples capricho da genética.

Capricho.

Movimentando-se vigorosamente, passou desatenta ao valor das curvas. Já estas, por sua vez, nunca mais se esqueceram dela.

Esquecimento.

A mulher, sem saber, era obstinadamente perseguida pelo próprio destino.

Próprio.

E apavorada com aquilo que já não mais se escondia, passou a alma a vazar-lhe pelos poros.

Dor.

Antes fosse pelos olhos...

Lágrimas.

Ela nem sequer suspeitava que a verdadeira demora de sua vida, a única de todas pela qual poderia acertadamente se lastimar, era a constatação de que ela precisava, isso sim urgentemente, aprender a chorar!

Encontro na hora.

Um comentário:

Danielle Peroba disse...

Que lindo!!!!! Imagino o que vem por aí agora....bjs
Dani